Política

Vozes de diversos segmentos se unem pelo fim da intolerância religiosa em Sessão Solene

Vozes representando os mais diversos segmentos da população se uniram em um discurso único, na noite desta quinta-feira (2), em defesa do combate à intolerância religiosa, em todos os níveis. Respeito foi a palavra de ordem na Sessão Solene da Câmara Municipal, por iniciativa do mandato do vereador Jhonatas Monteiro (PSOL), em parceria com o Comitê Interreligioso e das Liberdades Laicas de Feira de Santana (COINTER), para celebrar o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa. 

 Representantes de instituições públicas, religiosas, sociais e culturais lotaram o plenário e a galeria da Casa da Cidadania, em uma noite de debates sobre o direito de escolha da crença de cada um, e até mesmo de não ter crença. “É preciso exercitar o respeito, acima de tudo”, defendeu o vice-presidente do Legislativo, Silvio Dias (PT), que disse ser motivo de honra e orgulhoo em dividir a condução dos trabalhos com o autor da proposta de realização da sessão que discutiu tema de grande relevância. 

Coube a Jhonatas Monteiro saudar os convidados, que voltou a defender o fim do discurso do ódio, da desigualdade e das diferentes formas de opressão. “O desafio é todos os dias do ano, pela construção de um caminho constitucional para combater a intolerância religiosa”, afirmou o vereador, lembrando que a garantia da diversidade de crença é estabelecida no artigo 5º, da Constituição Federal. “Precisamos desconstruir os preconceitos e promover o diálogo inter-religioso”, pregou.  

O palestrante da noite, professor Evandro Nascimento, reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), lembrou que a intolerância – que é uma forma de racismo – é histórica no país. “O colonialismo europeu só admitia um único Deus e até hoje, os índios são assediados para abandonarem sua crença e passem a ter uma fé que não é a sua”, disse, destacando a violência e a opressão contra os negros e as religiões de matrizes africanas de modo geral. “É a nossa atitude que importa, não a nossa religião”, frisou.  

Para Dom Zanoni Demettino Castro, Arcebispo Metropolitano, o momento é de partilhar esperança por um mundo melhor e não de disseminar preconceito, racismo estrutural e intolerância religiosa. “Precisamos construir uma nação onde todos sejamos sujeitos protagonistas, respeito as manifestações de nossas origens”, afirmou, citando expressões como o samba, a capoeira e a umbanda, dentre tantas outras. “Devemos ter consciência do que somos, retomar o caminho de Jesus, que não teve preconceito, não foi misógino”, lembrou. 

 A busca do respeito e da paz foi também o tom do discurso de Mãe Graça de Nanã, coordenadora da Federação Nacional do Culto Afro Brasileiro (FENACAB). “Nossos terreiros são atacados, quando registramos ocorrência eles não querem admitir a intolerância. Ser tolerante é amar o outro como a nós mesmos. Não vamos mais aceitar ser xingados, açoitados”, disse. Lembrando que   o racismo religioso faz parte do cotidiano, o Reverendo Adriano Portela, presidente do COINTER, fez um apelo às lideranças religiosas: “Temos que usar a nossa voz para informar os cidadãos dos seus direitos”.  

 De acordo com Geraldo Araújo, vice-presidente do COINTER, é a laicidade que garante a liberdade de crença. “Deus deu ao homem o livre arbítrio e ninguém pode nos tirar isso”, disse. Também se manifestaram durante a sessão representantes de Centros Espíritas, Conseho Municipal das Comunidades Negras e Indígenas, Movimento Moviafro, Centro de Pesquisa de Religião e Igrejas. Lembrando que o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, foi instituído pela Lei Ordinária nº 2999/2009, e é comemorado no dia 16 de novembro.   

Fonte: CMFS

Foto: Divulgação/CMFS

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